sábado, 10 de fevereiro de 2018

37 Estudo sobre os Pais da Igreja: Vida e Obra Hipólito de Roma (160 - 235) Obra: Tradição Apostólica Partes 3 e 4

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37
Estudo sobre os Pais da Igreja: Vida e Obra
Hipólito de Roma (160 - 235)
Obra: Tradição Apostólica
Partes 3 e 4

I. A Comunhão dominical
No domingo pela manhã, o bispo distribuirá a comunhão, se puder, a todo o povo com as próprias mãos, cabendo aos diáconos partir do pão. Os presbíteros também poderão parti-lo. Quando o diácono apresentar a eucaristia ao presbítero, estenderá o vaso e o próprio presbítero o tomará e distribuirá ao povo pessoalmente. Nos outros dias, os fiéis receberão a eucaristia de acordo com as ordens do bispo.

II. O jejum
As viúvas e as virgens devem jejuar e orar freqüentemente pela Igreja. Os presbíteros e os leigos podem jejuar quando quiserem. O bispo, porém, não pode jejuar a não ser no dia em que todo o povo o faz, pois é possível que alguém queira levar algo até a igreja, não podendo ele recusar. Pois, se partir o pão, deverá prová-lo.

III. O Ágape
Caso o presbítero não esteja presente, o diácono dará, em casos de urgência, o sinal [signum] aos enfermos com cuidado. Após dar o necessário e receber o que for distribuído, dará graças e aí comerão. Todos aqueles que recebem algo devem dar com cuidado: se alguém receber algo para levar a uma viúva, um doente ou alguém que se dedique à Igreja, devem levá-lo no mesmo dia. Se não o fizer, deve levar no dia seguinte, acrescentando com algo de seu por ter permanecido na sua casa o pão dos pobres.

IV. A lucerna
No início da noite, com a presença do bispo, o diácono trará a lucerna e aquele, de pé no meio de todos os fiéis presentes, dará graças. Primeiramente, fará a saudação, dizendo: ─ O Senhor esteja convosco! O povo responderá: ─ E com o teu espírito! [Dirá:] ─ Demos graças ao Senhor! E responderão: ─ É digno e justo. A Ele convém a grandeza e a exaltação com a glória. Não dirá: "Corações ao alto", porque já o faz no Sacrifício, mas orará da seguinte forma: ─ Graças te damos, Senhor, pelo teu Filho Jesus Cristo Nosso Senhor, pelo qual nos iluminaste, revelando-nos a luz incorruptível. Atingindo agora o fim do dia e chegando a noite, tendo-nos saturado a luz do dia que criaste para nos saciar, e não carecendo agora da luz da tarde pela tua graça, louvamos-te e glorificamos-te, pelo teu Filho Jesus Cristo Nosso Senhor, por quem a ti a glória, o poder e a honra, com o Espírito Santo, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém. Responderão todos: ─ Amém. Terminada a Ceia, de pé, todos orarão e os meninos e as virgens entoarão salmos. A seguir, o diácono, ao receber o cálice preparado do sacrifício, entoará um desses salmos que possui a palavra "Aleluia". Se o presbítero ordenar, entoará outro salmo do mesmo tipo. Depois que o bispo oferecer o cálice, dirá um dos que a este se referem, tudo com "Aleluia", e todos repetirão. Recitando-os, repetirão sempre "Aleluia", que significa "louvamos Aquele que é Deus", ou também “Glória e louvor Àquele que criou o Universo somente pelo Verbo”. Concluído o salmo, o bispo abençoará o cálice e distribuirá os pedaços de pão aos fiéis.

V. A Ceia
Os fiéis presentes, durante a Ceia, antes de cortarem o seu próprio pão, receberão das mãos do bispo o pedaço de pão que é uma eulogia, e não a Eucaristia, Corpo do Senhor. É preciso que todos tomem o cálice e rendam graças sobre ele antes de beberem. Portanto, com pureza, comam e bebam. Aos catecúmenos será dado o pão de exorcismo e oferecido um cálice. O catecúmeno não participará da Ceia do Senhor. Durante todo o Sacrifício, aquele que se serve deve ser digno de quem o convidou, pois para isso foi chamado a entrar sob o seu teto. Agora, quando comerdes e beberdes, fazei-o com dignidade e não com irresponsabilidade, para que ninguém fique zombando ou para que aquele que te convidou não se entristeça com a vossa afronta, esperando ser digno que os santos entrassem em sua casa porque, diz “vós sois o sal da terra”. Se alguém oferecer a todos aquilo que se chama em grego “apoforeton”, aceitai a vossa parte. Porém, se fordes convidado a comer, fazei-o de forma a sobrar, para que todos comam o suficiente e para que aquele que vos convidou possa mandar algo a quem quiser, como sobras dos santos, e fique feliz com a vossa atenção. Comendo, sirvam-se em silêncio os convidados, sem discussões, falando somente o que for permitido pelo bispo, respondendo-lhe se perguntar algo. Ao falar o bispo, calem-se todos, com discrição e respeito, até que ele volte a fazer perguntas. Se os fiéis comparecerem à Ceia sem o bispo, com a presença de um presbítero ou um diácono, deverão comer com a mesma dignidade e apressar-se a receber o pão bento da mão do presbítero ou diácono. Também o catecúmeno receba o pão do exorcismo. Reunindo-se leigos, procedam com prudência, pois um leigo não pode conferir o pão bento. Comam todos em nome do Senhor, pois agrada a Deus quando todos, iguais e sóbrios, somos ciosos do nosso comportamento, mesmo entre os gentios. As viúvas convidadas para a ceia devem ser de idade madura e devem ser dispensadas antes do final da tarde. Quem não puder convidá-las por causa do cargo que exercem, deve dispensá-las após dar-lhes alimento e vinho que tomarão em casa da forma que lhes agradar.

VI. Frutos oferecidos ao Bispo
Todos devem se apressar a trazer os primeiros frutos da estação ao bispo. Este irá oferecê-los e abençoá-los e, citando quem os oferece, dirá: ─ Graças te damos, ó Deus, e te oferecemos as primícias dos frutos que nos deste para que os tomemos, nutrindo-os pelo teu Verbo, ordenando à terra que os produza com alegria o alimento dos homens e de todos os animais. Por causa disso tudo, te louvamos, ó Deus, e também por tudo que nos proporcionaste, provendo para nós toda a criação dos mais diversos frutos. Por teu Filho, Jesus Cristo Nosso Senhor, por quem a ti a glória pelos séculos dos séculos. Amém.

VII. Bênção dos frutos
Os frutos que podem ser abençoados são a uva, o figo, a romã, a azeitona, a pêra, a maçã, a amora, o pêssego, a cereja, a amêndoa e os damascos. Não podem [ser abençoados] a melancia, o melão, os pepinos, a cebola, o alho ou qualquer outro legume. Pode-se oferecer, às vezes, flores: rosas e lírios, mas não outras. E, sobre todas as coisas, os que as recebem deem graças ao santíssimo Deus, para a sua Glória.

VIII. O jejum de Páscoa
Na Páscoa, ninguém coma antes de se fazer o Sacrifício, pois quem assim proceder não terá seu jejum considerado. Se uma mulher estiver grávida ou não se sentir bem, não podendo jejuar durante os dois dias, jejue pelo menos no sábado, já que é necessário; mas será um jejum de pão e água. Se alguém, por algum problema, se esquecer da Páscoa, jejue após a Quinquagésima. A imagem passou, cessando no segundo mês, mas todo aquele que tiver aprendido a Verdade deverá jejuar.

IX. Os diáconos trabalham com o Bispo
Que cada diácono, com seus subdiáconos, executem suas tarefas junto ao bispo. Também lhes serão recomendados os doentes, para que os visitem, caso seja de agrado do bispo, pois o doente sempre se alegra quando o chefe dos sacerdotes dele se lembra.

X. A oração
Os fiéis de Deus devem orar assim que acordarem e levantarem, antes de tocar qualquer coisa. Somente depois disso é que devem sair para o trabalho. Contudo, se houver instrução pela Palavra, que prefiram ouvir a Palavra de Deus, pois esta é o consolo da alma, e se apressem a ir à Igreja, onde o Espírito floresce.

XI. Comunhão diária
Que todo fiel corra a receber a Eucaristia antes de experimentar qualquer outra coisa. Se receber por causa de sua fé, não se prejudicará, mesmo sendo o homem mortal. Todos devem se esforçar para não permitir que o infiel prove a Eucaristia, nem um rato ou outro animal. Deve-se cuidar para que dela não caia uma migalha e se perca, pois ela é o Corpo de Cristo que deve ser comido pelos fiéis e não pode ser negligenciado. Consagrado o cálice em nome de Deus, que recebestes como a imagem do Sangue de Cristo, não queirais derramá-lo. Que o espírito hostil não venha lambê-lo, desprezando-o, pois serias culpado para com o Sangue, como quem despreza o valor pelo qual foi comprado.

XII. Reunião do Clero
Os diáconos e os presbíteros deverão se reunir diariamente no local determinado pelo bispo. Não se deixem de reunir a menos que a doença impeça. Reunindo-se todos, ensinem os que estão na igreja e, após a oração, dirija-se cada um ao seu trabalho.

XIII. Os cemitérios
Que ninguém encontre dificuldades para sepultar o irmão nos cemitérios, já que estes pertencem aos pobres. Porém, pague-se o salário ao coveiro, bem como o preço dos tijolos. O bispo deve sustentar guardas e zeladores para que nenhuma taxa seja cobrada àqueles que procuram os cemitérios.

XIV. A oração (II)
Todo fiel, homem ou mulher, ao acordarem, lavem as mãos e rezem a Deus antes de tocar qualquer coisa. Só após isto, dirijam-se ao trabalho. Havendo instrução da Palavra de Deus, prefiram encaminhar-se ao local recordando que, na verdade, estão ouvindo a Deus na pessoa daquele que prega. Todo aquele que orar na Igreja vencerá a maldade do dia; aquele que teme a Deus considerará um grande mal não ter ido à instrução, principalmente se souber ler ou sabendo que o catequista estava presente. Que nenhum de vós se atrase para ir à igreja, lugar onde se ensina! Ao que fala, será concedido dizer o que é útil a cada um. Ouvirás coisas nas quais não imaginas e tirarás proveito do que o Espírito Santo vos disser pelo catequista. Vossa fé será reforçada com aquilo que ouvirdes. Aí também será dito o que deveis fazer em casa. Por isso, cada um deve se preocupar em ir à Igreja, onde o Espírito Santo floresce. Nos dias em que não houver instrução, cada um em sua casa tome o Santo Livro e leia o que lhe parecer proveitoso. Se estiverdes em casa, orai e bendizei a Deus na hora terceira ( 9 horas). Se estiverdes num outro local, orai a Deus no coração, pois foi nessa hora que Cristo se viu pregado no madeiro. Também por essa razão, a Lei do Antigo Testamento prescreve que se ofereça o pão da proposição, como imagem do Corpo e Sangue de Cristo, e a imolação do Cordeiro, como imagem do Cordeiro perfeito: Cristo é o Pastor e o Pão que desceu do céu. Orai, igualmente, na hora sexta (12 horas) pois, quando Cristo foi pregado na cruz, o dia se dividiu e as trevas surgiram. Nessa hora, todos orarão uma oração fervorosa, imitando a voz Daquele que, ao orar, cobriu de trevas toda a Criação perante os judeus incrédulos. Façam, ainda, uma grande prece exaltando o Senhor por volta da hora nona (15 horas), para sentirem como a alma dos justos glorifica a Deus, que não é mentiroso e lembra dos seus santos, enviando seu Verbo para iluminá-los. Foi nessa hora que Cristo, ferido no lado, verteu água e sangue, e iluminou o resto do dia até o final da tarde. Começando a dormir, Cristo originou o dia seguinte e concluiu a imagem da ressurreição. Orai ainda antes de dormir. Por volta da meia-noite, levantai, lavai as mãos com água e orai. Se vossa mulher estiver presente, ore ambos; se ainda não for batizada, retirai-vos para outro quarto, orai e voltai para a cama. Não hesitai, porém, de orar, pois aquele que se encontra casado não está manchado. Em verdade, os que já tomaram banho não precisam tomar outro pois encontram-se limpos. Fazei o sinal da cruz com o sopro úmido, recolhendo a saliva com a mão, e o vosso corpo será purificado até os pés, pois o dom do Espírito e a água do banho, oferecidos por um coração puro como se saíssem de uma fonte, purificam todo aquele que crê. Assim, é necessário orar nesse momento. Os antigos, que nos deixaram a Tradição, ensinaram-nos que nessa hora toda criatura descansa um momento para louvar o Senhor. Até mesmo as estrelas, as árvores e as águas param por um instante e, com toda a milícia dos anjos que servem a Deus, e junto com as almas dos justos, glorificam a Deus. Por esse motivo, todos os que creem devem se apressar para orar nessa hora. Para dar testemunho disso, assim diz o Senhor: "Eis que por volta da meia noite ouviu-se o clamor dos que diziam: 'Aí vem o Noivo. Saiam ao seu encontro'. E concluiu, dizendo: 'Vigiai, pois não sabeis a hora em que Ele virá'". Quando o galo cantar, levantai e orai, pois nessa hora, ao cantar do galo, os filhos de Israel negaram a Cristo, que conhecemos pela fé, confiantes na esperança da eterna luz da ressurreição dos mortos; temos os olhos fixos nesse dia. Fiéis: procedendo dessa forma, respeitando a Tradição, instruindo-vos mutuamente e exortando os catecúmenos, não sereis tentados nem perecereis, pois o Cristo estará sempre presente na lembrança.

XV. O Sinal da Cruz
Durante a tentação, fazei piedosamente na fronte, o Sinal da Cruz, pois este é o sinal da Paixão, reconhecidamente provado contra o demônio, desde que feito com fé e não para vos exibir diante dos homens, servindo eficazmente como um escudo. O Adversário, vendo quão grande é a força que sai do Coração do homem que serve o Verbo (pois mostra o sinal interior do Verbo projetado no exterior), fugirá imediatamente, repelido pelo Espírito que está no homem. Era isso que o profeta Moisés representava através do cordeiro morto na Páscoa e ensinava ao aspergir o sangue nos batentes das portas: simbolizava a fé que agora se encontra em nós, ou seja, a fé no Cordeiro perfeito. Ora, persignando-nos na fronte e nos olhos com a mão, afastamos tudo aquilo que tenta nos destruir.

PARTE 4: FINAL
Se estes ensinamentos forem recebidos com gratidão e Fé ortodoxa, permitirão a edificação da Igreja e a Vida eterna àqueles que crerem. Aconselho que [estes ensinamentos] sejam guardados por todos que tiverem o coração puro. Se todos ouvirem e seguirem a Tradição dos Apóstolos, nenhum herege (nenhum mesmo!) poderá vos afastar do reto Caminho. Na verdade, muitas heresias se desenvolveram porque os chefes não quiseram aprender a Doutrina dos Apóstolos mas, seguindo a própria fantasia, fizeram o que quiseram, isto é, o que não deveriam fazer. Amados, se omitimos algo, Deus revelará [a Verdade] aos que forem dignos, dirigindo a Igreja para que atraque no porto da Paz.

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