sexta-feira, 22 de julho de 2016

Primeira Biografia sobre Francisco de Assis - Tomás de Celano - Introdução - Prólogo - Capítulos 1 e 2.

Biografia de Francisco de Assis
Primeira Biografia
Tomás de Celano
1Celano
 



Tradução: Frei José David Antunes, OFM
Fonte: http://editorialfranciscana.org
Introduções: www.franciscanos.org.br e Frei David de Azevedo, OFM


I. Quem foi Tomás de Celano?
O primeiro biógrafo de Francisco nasceu por volta de 1185 na cidadezinha de Celano, nas montanhas dos Abruços, não longe de Roma. Acolhido na Ordem, em 1215, pelo próprio Francisco, como ele conta (ICel 57) foi para a Alemanha como missionário em 1221, como se lê no n. 19 da Crônica de Jordão de Jano.
Deve ter entrado na Ordem já muito preparado, porque sua maneira de escrever demonstra muito bons conhecimentos literários e um amplo domínio do latim. Não foi sem motivo que papas e superiores recorreram a ele.
Em 1223 foi nomeado custódio de Worms, Mogúncia, Colônia e Espira, como diz Jordão de Jano no n. 30, e passou a vice-provincial da Alemanha, na ausência de Cesário de Espira. É provável que estivesse em Assis em 1228 para a canonização de Francisco. Parece que pertenceu a uma equipe de copistas que a Ordem manteve em Assis.
Passou uns trinta anos trabalhando na biblioteca do Sacro Convento, em Assis, e dando assistência às Clarissas de Tagliacozzo, nas Marcas de Ancona. Em 1256, assim acreditam muitos críticos, completou a Legenda de Santa Clara Virgem. Pelo estilo, há quem lhe atribua também a autoria da bula de canonização de Clara. É possível que João de Celano, autor da Quasi stella matutina, fosse seu irmão. Tem-se como certo que morreu em 1260, e está sepultado em Tagliacozzo.

II. A grande obra de Celano
Com o nome de Frei Tomás de Celano conhecemos cinco livros nas Fontes Franciscanas. A Vida l (ICel), a Vida II (2Cel), o Tratado dos Milagres (3Cel), a Legenda Chori (4Cel) e a Legenda de Santa Clara Virgem.
A Primeira Vida foi escrita a pedido do Papa Gregório IX em 1228 e apresentada ao pontífice no dia 25 de fevereiro de 1229. Por ordem do Capítulo Geral de Paris influenciado por Boaventura, em 1266, foi lançada ao fogo, com todos os exemplares de obras escritas sobre Francisco antes da Legenda Maior de São Boaventura. Só veio a ser encontrada de novo em 1768, graças aos estudiosos bolandistas e aos desobedientes do sistema religioso.
Em 1230, Celano escreveu também uma versão abreviada da Primeira Vida, que se chamou Legenda ad usum chori, e foi usada pelos frades até 1263. A Vida Segunda foi escrita em 1247, aproveitando material apresentado pelo ministro geral Crescêncio de Iesi, que o tinha pedido a toda a Ordem. Dessa vez, Tomás de Celano trabalhou com uma equipe, encarregando-se, porém, da redação final. A Vida Segunda, destruída em 1266, só foi reencontrada em 1806.
O Tratado dos Milagres foi escrito por ordem do ministro geral João de Farina, entre os anos 1250 e 1253. Também foi destruído em 1266 e só foi reencontrado em 1899. Esses quatro livros tiveram sua primeira edição crítica publicada em 1941, no vol. X da Annalecta Pranciscana.

III. Vida I
Objetivos da Vida I
Objetivos segundo o mesmo Tomás de Celano diz no Prólogo, o seu objetivo é «relatar ordenadamente e com afetuosa devoção a vida e os efeitos do nosso bem-aventurado Pai S. Francisco, escolhendo sempre para meu mestre e guia a verdade»; e fá-lo por mandato do «senhor e glorioso papa Gregório».
A Vida Primeira é, pois, uma narrativa da vida de Francisco feita, não por iniciativa pessoal, mas por encargo recebido da autoridade da Ordem e do próprio Papa.
Esta circunstância, se pode talvez prejudicar a espontaneidade, acentua a responsabilidade do trabalho. O fato de o encargo ter sido dado na altura da canonização do Santo contribui também para determinar mais o fim que se tinha em vista: apresentar o novo santo numa biografia séria, oficial e ao mesmo tempo edificante.
Celano divide o seu trabalho em três partes.
A primeira – trinta capítulos – vai desde o nascimento de Francisco até 1224; e insiste principalmente sobre os episódios da conversão e do comportamento santo e prodigioso de Francisco.
A segunda compreende os dois últimos anos da vida e a sua morte.
A terceira fala dos milagres por meio das intercessões a ele.
O próprio Celano apresenta esta divisão com toda a clareza no Prólogo . Não obstante a extensão desigual de cada uma das partes, a importância dada ao último biénio da vida de Francisco denuncia claramente que o ponto de vista do autor estava na santidade de seu herói – santidade ímpar na hagiografia cristã, na medida em que, no milagre da estigmatização, se evidencia também uma acão ímpar de Deus.
O Monte Alverne foi o cume para onde, desde o início, Tomás de Celano dirigiu sempre o olhar. A sua atenção está toda concentrada sobre a pessoa de Francisco.
A fraternidade franciscana, como tal, muito pouco tempo ocupa o seu espírito. Mesmo quando a ela se refere, por exemplo no capítulo XIII da 1ª parte, sobre a aprovação da primeira Regra por Inocêncio III, ou no capítulo VI da 2ª parte, sobre alguns desvios já então patentes, a objetiva está focando sempre a pessoa de Francisco e não a Ordem
Fontes
 Para executar o seu trabalho, Celano teve à mão recursos de muito boa qualidade. Em primeiro lugar, a sua observação direta. Embora não fosse um dos companheiros da primeira hora, nem dos mais íntimos, foi contemporâneo de Francisco e conviveu certamente com ele, podendo com fundamento referir e transmitir-nos coisas «que ouviu de sua própria boca».
Além disso, pôde consultar outros irmãos, «testemunhas fiéis e dignas de todo o crédito». Por altura da canonização de Francisco era natural que grande número de irmãos se tivesse reunido em Assis, entre os quais estariam os primeiros companheiros.
Tendo Celano recebido por essa altura o encargo de escrever a obra, com toda a facilidade podia ter conversado longamente com esses irmãos. Finalmente, Celano terá usado também fontes escritas. Mesmo sem pensarmos em qualquer fonte primitiva, anterior à Vida Primeira, é certo que Celano teve à mão alguns escritos do mesmo Francisco: as Regras, o Testamento, o Cântico do Irmão Sol e algumas Cartas. E muito provável é ainda que no Convento da Porciúncula houvesse já um primeiro arquivo da Ordem, ao qual Celano teria tido acesso; como acesso pôde ter, por certo, às peças que serviam para o processo da canonização do Santo.
Características do autor
Outras circunstâncias, porém, existiram que se mostram mais ambivalentes. Entre elas, as características do autor. Tomás de Celano era um poeta e um artista. Estas prendas são um fator precioso para a qualidade literária dum texto biográfico; e isso se pode apreender na arte com que Celano faz viver a «beleza dos campos» e a «amenidade dos vinhedos», e na frescura do estilo e da narrativa, deixando-nos páginas singularmente felizes, como aquelas em que nos descreve os sonhos juvenis de Francisco, o sermão às avezinhas, a noite de Greccio, a cura do menino de Todi e a morte de Francisco. Mas ser poeta e artista não são as qualidades mais recomendáveis para um historiador. Celano era também pregador, missionário, teólogo. Se, por um lado, a alma missionária o ajudava a meter-se dentro do ideal apostólico de Francisco, também, por outro lado, o levava muito naturalmente a buscar nos episódios um sentido moralizante ou mesmo a retocá-los com esse fim. Se a sua cultura teológica lhe dava amplidão de conhecimentos e profundidade de intuição para descobrir o sentido dos gestos e da pessoa de Francisco na história da salvação, os seus esquemas teológicos convidavam-no a fazer da sua biografia uma obra de tese, uma obra sistemática, no qual a santidade aparecesse num crescendo desde os primeiros indícios da graça até à consumação sublime no Alverne e na morte.
Uma obra assim – uma obra de tese – é um mérito, mas é também um risco para a objetividade histórica. Celano foi igualmente um hagiógrafo. Conhecia os tópicos hagiográficos comuns no seu tempo. Teve certamente à mão, enquanto redigia o seu trabalho, alguns modelos de hagiografia monástica, designadamente as vidas de São Martinho de Tour, de São Bento de Núrcia e de São Bernardo de Claraval, escritas respectivamente por Sulpício Severo, Gregório Magno e Guilherme de S. Tierry.
Difícil seria que não cedesse à tentação de vazar a vida de Francisco dentro dos moldes usados por autores tão qualificados, tanto mais que a mentalidade de então era mais faminta de edificação que de verdade objetiva. Os editores de Quaracchi apontam no aparato crítico a presença destas influências sempre que se tornam notórias.
Finalmente, o meio em que viveu. Celano não viveu a experiência dos primeiros anos do Rivotorto e da Porciúncula. Quando ele entrou na Ordem, esta estava lançada em plena expansão missionária. Ele mesmo foi enviado para a Alemanha e por lá viveu três ou quatro anos. Teve ocasião de observar o modo como os povos germânicos tinham captado o ideal franciscano, certamente um modo diferente daquele que tinha sido vivido na Úmbria. Foi esta a experiência que o jovem religioso teve da Ordem. Além disso, de regresso a Itália, Celano parece ter vivido na órbita do governo central, e, portanto, em contato com a perspectiva geral em que os problemas são vistos a partir dali. Devido a esta experiência, compreende-se que a sua sensibilidade para a forma de vida dos tempos heróicos fosse menor que a dos primeiros companheiros, mas em compensação tinha uma visão mais aberta, mais ampla e mais realista.
Não parece, pois, necessário pensar numa subordinação, controle e manipulação por parte da autoridade para explicar a diferença entre ele e os primeiros companheiros . De resto, se tivermos em conta que Celano é o primeiro a coligir os fatos, não podemos senão admirar a quantidade de episódios pequeninos que ele conseguiu recolher, nos quais se esboçam os traços característicos da vida franciscana nesse período inicial. As figuras de Fr. Elias e do Cardeal Hugolino (na altura Gregório IX) são envolvidas de admiração, mas tão pouco regateia ele a sua veneração às figuras do outro lado: a Fr. Bernardo Quintavalle, a Fr. Leão e a Santa Clara. É o fascínio simples de um espírito ainda imune de rivalidades.
A canonização de Francisco deveria ter produzido uma tal alegria em todos os irmãos, que as diferenças de opinião teriam ficado praticamente esquecidas.
Concluamos. Com as características resultantes do objetivo em vista, da cultura, da experiência pessoal e do temperamento do autor, características que são ao mesmo tempo qualidades e limitações – a Vida Primeira de Celano é uma obra séria, de grande valor informativo e bem sucedida no seu intento; enaltece a santidade de Francisco de Assis. Atingida pelo decreto maligno de 1266, a Vida Primeira desapareceu totalmente e só foi reencontrada no século XVIII. Publicada pelos Bolandistas[i] em 1768, foi de novo publicada em edição crítica pelos Editores de Quaracchi na Analecta Franciscana., tomo X, pp. 1 a 117. As traduções que depois se fizeram tiveram por base esta edição, que é a seguida também pela presente versão portuguesa.




[i] Os bolandistas (em latim: Bollandistæ) são um grupo de jesuítas cujo nome é uma homenagem ao seu fundador, o padre belga Jean Bolland (por vezes aportuguesado para João Bolando) (1596-1665). Os bolandistas sofreram perseguições, principalmente quando da supressão dos jesuítas, mas sobreviveram. Por suas mãos passaram todos os martirológios. Esta sociedade de padres foram constituído com a finalidade científica de recolher e submeter a exame crítico toda a literatura hagiográfica existente, completando o que haviam omitido os antigos compiladores, valorizando as fontes relativas aos santos a que se referem os martirológios, distinguindo os dados historicamente verdadeiros dos falsos e lendários, reconstruindo assim a história e a espiritualidade dos que a Igreja reconhece como santos e beatos.






Tomás de Celano
PRIMEIRA VIDA (1CEL)

PRÓLOGO
Em nome do Senhor. Amém.
Começa o prólogo à vida do bem-aventurado Francisco.
1
1 Quero contar a vida e os feitos do nosso bem-aventurado pai Francisco. Quero fazê-lo com piedosa devoção, guiado e instruído pela verdade e em ordem, porque ninguém se lembra completamente de tudo que ele fez e ensinou. Procurei apresentar pelo menos o que ouvi de sua própria boca, ou soube por testemunhas comprovadas e de confiança. Fiz isso por ordem do glorioso Papa Gregório, conforme consegui e procurei expressar, embora em linguagem simples.
2 Oxalá mereça eu ser discípulo daquele que sempre evitou a linguagem difícil e desconheceu os rodeios de palavras!

2.
1 Dividi também em três pequenos livros tudo que consegui ajuntar sobre o santo homem, distribuindo a matéria em capítulos, para que a mudança dos tempos não confundisse a ordem dos fatos e não pusesse a verdade em dúvida.
2 O primeiro livro segue, portanto, a ordem cronológica, é dedicado principalmente à pureza de seu comportamento e de sua vida, aos seus santos costumes e edificantes exemplos.
3 Aí foram colocados só alguns dos muitos milagres que o Senhor Deus se dignou operar por meio dele enquanto viveu na carne.
4 O segundo livro conta os acontecimentos desde o penúltimo ano de sua vida até sua morte bendita.
5 O terceiro contém uma porção de milagres - e omite vários outros - que o gloriosíssimo santo tem operado na terra agora que está reinando com Cristo nos céus.
6 Também fala da devoção, da honra, do louvor e da glória que lhe tributaram o feliz Papa Gregório, e com ele todos os cardeais da santa Igreja Romana, devotissimamente, quando o canonizaram.
7 Graças a Deus onipotente, que sempre se mostra admirável e bondoso em seus santos.
Fim do prólogo.


PRIMEIRO LIVRO

Para louvor e glória de Deus todo-poderoso Pai, Filho e Espírito Santo. Amém.
Começa a vida do nosso beatíssimo pai Francisco.

Capítulo 1 - Como tinha conduta e mentalidade mundanas.

1.
1 Vivia na cidade de Assis, na região do vale de Espoleto, um homem chamado Francisco. Desde os primeiros anos foi criado pelos pais com arrogância, ao sabor das vaidades do mundo. Imitou-lhes por muito tempo a via mesquinha e os costumes e tornou-se ainda mais arrogante e vaidoso.
2 Esse péssimo costume difundiu-se por toda parte, entre os que se dizem cristãos, como se fosse lei pública, tão confirmada e preceituada em toda parte que procuram educar seus filhos desde o berço com muito relaxamento e dissolução.
3 Apenas nascidas, mal começam a baluciar e a falar, as crianças aprendem, por gestos e palavras, coisas vergonhosas e verdadeiramente abomináveis. Na idade de abandonarem o seio materno, são levadas não só a falar mas também a fazer coisas indecentes e lascivas.
4 E nenhuma delas ousa, impressionada pelo temor da idade, comportar-se honestamente, pois isso as poderia expor a castigos severos.
5 Bem disse o poeta pagão: “Como crescemos no meio dos hábitos de nossos pais, desde a infância acompanham-nos todos os males”.
6 Este testemunho é bem verdadeiro, pois quanto mais perniciosa é para as crianças a condescendência dos pais, tanto mais elas se sentem felizes em lhes obedecer.
7 Quando crescem mais um pouco, caem por si mesmas em práticas cada vez piores.
8 Uma árvore de raízes más só pode ser má, e o que foi pervertido uma vez dificilmente poderá ser endireitado.
9 Quando chegam às portas da adolescência, que poderão ser esses jovens?
10 Então, no turbilhão de toda sorte de prazeres, sendo-lhes permitido fazer tudo que lhes apraz, entregam-se de corpo e alma aos vícios.
11 Assim, escravos voluntários do pecado, fazem de todos os seus membros instrumentos de iniquidade. Sem nada conservar da religiosidade cristã em sua vida e em seus costumes, defendem-se apenas com o nome de cristãos.
12 Esses infelizes muitas vezes até fingem ter feito coisas piores do que de fato fizeram, para não passarem por mais vis na medida em que são mais inocentes.
2.
1 Nesses tristes princípios foi educado desde a infância o homem que hoje veneramos como santo, porque de fato é santo. Neles perdeu e consumiu miseravelmente o seu tempo quase até os vinte e cinco anos.
2 Pior ainda: superou desgraçadamente os jovens da sua idade nas frivolidades e se apresentava mais generosamente como um incitador para o mal e um rival em loucuras.
3 Todos o admiravam e ele procurava sobrepujar aos outros no fausto da vanglória, nos jogos, nos passatempos, nas risadas e nas conversas fúteis, nas canções e nas roupas delicadas e luxuosas.
4 Na verdade, era muito rico, mas não avarento, antes pródigo; não ávido de dinheiro, mas gastador; negociante esperto, mas esbanjador insensato. Mas era também muito humano, muito jeitoso e afável, embora para sua própria insensatez.
5 Porque era principalmente por isso que muitos o seguiam, gente que fazia o mal e incitava para o crime. Cercado por bandos de maus, adiantava-se altaneiro e magnânimo, caminhando pelas praças de Babilônia
6 até que Deus o olhou do céu. Por causa do seu nome, afastou para longe dele o seu furor e pôs-lhe um freio à boca com o seu louvor, para que não perecesse de vez.
7 Desde então esteve sobre ele a mão do Senhor e a destra do Altíssimo o transformou para que, por seu intermédio, fosse concedida aos pecadores a confiança na obtenção da graça e desse modo se tornasse um exemplo de conversão para Deus diante de todos.

Capítulo 2 - Como o Senhor visitou-lhe o coração por meio de uma doença e de uma visão noturna

3.
1 De fato, quando ele ainda vivia no pecado com paixão juvenil, arrastado pelas paixões da idade e incapaz de controlar- se, poderia sucumbir ao veneno da antiga serpente. Mas a vingança, ou melhor, a misericórdia divina, subitamente desperta sua consciência através de uma angústia na alma e de uma enfermidade no corpo, conforme as palavras do profeta: “Hei de barrar teu caminho com espinhos e cercá-lo de muralhas (cfr. Is 48,9)”.
2 Prostrado por longa enfermidade, que é o que merece a teimosia dos homens que não se emendam a não ser com castigo, começou a refletir consigo mesmo de maneira diferente.
3 Já um pouco melhor, e apoiado em um bastão, começou a andar pela casa para recuperar as forças. Certo dia, saiu à rua e começou a observar com curiosidade a região que o cercava.
4 Mas nem a beleza dos campos, nem o encanto das vinhedos, nem coisa alguma agradável de se ver conseguia satisfazê-lo.
5 Ficou surpreso com sua mudança repentina e começou a julgar estultíssimos os que amavam essas coisas.
4.
1 Desde esse dia, começou a ter-se em menos conta e a desprezar as coisas que antes tinha admirado e amado.
2 Mas não inteiramente e de verdade, porque ainda não estava livre das cadeias das vaidades, nem tinha sacudido do pescoço o jugo da perversa servidão.
3 É muito difícil deixar as coisas com que alguém se acostumou e não é fácil libertar-se do que uma vez se aceitou. Mesmo depois de longa abstenção, o espírito volta ao que tinha aprendido e o costume geralmente transforma o vício em segunda natureza.
4 Francisco ainda tentou fugir da mão de Deus e, quase esquecido da correção paterna, diante de uma oportunidade, pensou nas coisas que são do mundo e ignorou o conselho de Deus, prometendo a si mesmo o máximo da glória mundana e da vaidade.
5 Pois um nobre de Assis não mediu despesas para se armar militarmente e, inchado pela glória vã, decidiu marchar para a Apúlia para ganhar mais dinheiro e honra.
6 Sabendo disso, Francisco, que era leviano e não pouco audaz, alistou-se para ir com ele, porque era menos nobre mas de ambição maior, mais pobre mas também mais generoso.
5.
1 Todo entregue a esse plano e pensando com ardor na partida, certa noite, aquele que o tinha tocado com a vara da justiça visitou-o numa visão noturna, com a doçura da sua graça. E o seduziu e exaltou pelo fastígio da glória, porque ele tinha sede de glória.
2 Pareceu-lhe ver a casa toda cheia de armas: selas, escudos, lanças e outros aparatos. Muito alegre, admirava-se em silêncio, pensando no que seria aquilo.
3 Não estava acostumado a ver essas coisas em sua casa, mas apenas pilhas de fazendas para vender.
4 E ainda estava aturdido com o acontecimento repentino, quando lhe foi dito que aquelas armas seriam suas e de seus soldados.
5 Despertando de manhã, levantou-se alegre e, julgando a visão um presságio de grande prosperidade, ficou certo de que sua excursão à Apúlia seria um êxito.
6 Pois não sabia o que dizer e ainda não entendera nada do dom que lhe fora feito pelo céu.
7 Em um ponto, poderia ter percebido que sua interpretação do sonho não era verdadeira porque, embora contivesse muita semelhança com coisas já acontecidas, dessa vez seu espírito não estava tão feliz como de costume.
8 Precisava até fazer algum esforço para executar o que planejara e levar a cabo o seu plano.
9 É muito interessante esta menção de armas logo aqui no começo. Muito oportunamente se oferecem armas ao soldado que vai combater o forte armado e, como um outro Davi em nome do Senhor dos exércitos, há de libertar Israel do antigo opróbrio dos inimigos.


sexta-feira, 15 de julho de 2016

Lição 43 - História Eclesiástica de Eusébio de Cesareia Livro VII – Capítulos 11-15

43
História Eclesiástica de Eusébio de Cesareia
Livro VII – Capítulos 11-15


XI - Do que ocorreu a Dionísio e aos do Egito na perseguição
XII - Dos que morreram mártires em Cesaréia da Palestina
XIII - Da paz em tempos de Galieno
XIV - Os bispos que floresceram naquele tempo
XV - De como em Cesaréia morreu mártir Marino

Texto: II Co 4.8,9


XI - Do que ocorreu a Dionísio e aos do Egito na perseguição
1.            Por outro lado, quanto à perseguição de seu tempo, que crescia terrivelmente, suas próprias palavras, dirigidas contra Germano, um bispo de seu tempo que tentava difamá-lo, declaram quanto ele e outros tiveram que suportar por causa de sua piedade para com o Deus do universo. Expõe-no da seguinte maneira:
2.            "Mesmo assim, realmente corro o perigo de cair em grande loucura e estu­pidez se me vejo obrigado a expor a admirável dispensação de Deus para conosco. Mas como é bom - diz - ocultar o segredo do rei, mas glorioso revelar as obras de Deus[1], revelarei a violência de Germano.
3.            Eu não vim só ante Emiliano[2], mas acompanhavam-me meu co-presbítero Máximo e os diáconos Fausto, Eusébio e Queremon; e conosco entrou um dos irmãos de Roma ali presentes.
4.      E Emiliano não me disse primeiro em bom tom: 'Não tenham reuniões', por­que isto seria supérfluo e sem importância para ele, que ia direto ao assunto. Porque para ele, a questão não era que não nos reuníssemos com outros, mas que nós mesmos não fôssemos cristãos, e por isso nos intimava a deixar de sê-lo, pensando que se eu mudasse de parecer os outros me seguiriam.
5.             Mas eu dei uma resposta que não se diferenciava muito nem se afastava do Há que se obedecer mais a Deus do que aos homens![3], e abertamente testemunhei que adoro ao Deus único e a nenhum outro, e que jamais mudaria de parecer nem deixaria de ser cristão. Então nos ordenou andar até uma aldeia próxima ao deserto, chamada Kefró[4].
6.             Mas escutai o que um e outro disseram, tal como foi registrado. 'Introduzidos Dionísio, Fausto, Máximo, Marcelo e Queremon, Emiliano, que exerce como governador, disse:'.. .e verbalmente conversei convosco sobre a humanidade que nossos senhores empregam para convosco.
7.             Efetivamente deram-vos o poder de salvar-vos, contanto que queirais voltar ao que é conforme a natureza, adorar os deuses salvadores de seu império e esquecer-vos do que vai contra a natureza. Que dizeis pois a isto? Pois eu espero que vós não sejais uns ingratos para com esta sua humanidade, posto que vos estão exortando ao melhor'.
8.             Dionísio respondeu: 'Não todos adoram a todos os deuses, mas cada um adora aos que crê que o são, e assim nós rendemos culto e adoramos ao Deus único e criador de todas as coisas, o que pôs também o império nas mãos dos augustos Valeriano e Galieno, amados de Deus, e a ele dirigimos continua­mente nossas súplicas pelo império, com o fim de que permaneça inabalável'.
9.             Emiliano, que exerce como governador, disse: 'Pois, quem vos impede de adorar também a este, se é que é Deus, com os deuses que o são por natureza? Porque vos é ordenado dar culto aos deuses, e deuses que todo o mundo conhece'. Dionísio respondeu: "Nós não adoramos a nenhum outro'.
10.  Emiliano, que exerce como governador, disse: 'Estou vendo que vós sois não somente ingratos, mas também insensíveis à mansidão de nossos augus­tos; pelo que não ireis permanecer na cidade, mas sereis deportados às regiões da Líbia, a um lugar chamado Kefró; é o local que escolhi, por man­dato de nossos augustos, e de nenhuma maneira vos será permitido, nem a vós nem a nenhum outro, fazer reuniões ou entrar nos chamados cemitérios.
11.  Agora bem, se acontecer que algum não se apresentar no lugar que lhe mandei[5] ou for encontrado em reunião com alguém, sobre si mesmo terá chamado o perigo, pois não lhe há de faltar a necessária vigilância. Retirai-vos pois para onde vos mandei'.
E, apesar de que me achava doente, obrigou-me a sair apressadamente, sem dar sequer o prazo de um dia. Que tempo tinha eu, pois, para convocar ou não convocar uma reunião?[6]"
12. Logo, depois de outras coisas, diz:
"Mas, com a ajuda de Deus, nem sequer da reunião visível nos abstivemos, mas, por uma parte punha grande empenho em reunir os da cidade como se eu estivesse com eles: Ausente com o corpo — diz — mas presente com o espírito[7]; e por outra parte, em Kefró veio a habitar conosco uma igreja numerosa, pois alguns irmãos nos seguiam da cidade e outros juntavam-se a nós desde o Egito.
13.     E ali mesmo Deus nos abriu uma porta para a palavra[8]. No início, é verdade, nos perseguiram e apedrejaram, mas logo alguns pagãos, muitos, deixaram os ídolos e se converteram a Deus. Nunca antes tinham recebido a palavra, e só então semeava-se entre eles pela primeira vez, graças a nós.
14.     É como se Deus nos tivesse conduzido até eles por esta causa, pois assim que cumprimos este ministério, novamente nos afastou.
De fato, Emiliano quis trasladar-nos a lugares aparentemente ainda mais ásperos e mais líbicos, e mandou que os de todas as partes confluíssem para Mareota, depois de designar para cada um uma aldeia da região. Mas a nós colocou mais no caminho, para prender-nos em primeiro lugar. Porque era evidente que ia dispondo e preparando de modo que, quando quisesse prender-nos todos, pudesse ter-nos bem à mão.
15. Eu, de minha parte, quando me ordenaram partir para Kefró, por mais que ignorasse em que direção se achava este lugar, pois quase não se tinha ouvido sequer o nome antes, ainda assim, parti até animado e tranqüilo. Mas quando anunciaram que deveria trasladar-me à região de Colutio, os que estavam presentes sabem como me afetou (pois aqui devo acusar-me a mim mesmo).
16.     Na mesma hora molestou-me e o tomei por grande mal, porque, ainda que esses lugares não fossem mais conhecidos ou familiares, ainda assim, afirmava-se que a região carecia de cristãos e de homens honrados, e que, em troca, achava-se exposta às moléstias dos viandantes e às incursões dos salteadores.
17. Consegui porém consolar-me ao recordarem-me os irmãos que estava mais perto da cidade e que, se em Kefró tinha numerosas relações com os irmãos vindos do Egito, ao ponto de poder ter assembléias mais amplas, ali, por outro lado, com a cidade mais perto, gozaríamos mais freqüentemente da visão dos que verdadeiramente eram muito amados e da maior intimidade e amizade, porque eles viriam e se hospedariam, e como nos bairros mais afastados, haveria reuniões parciais, e assim sucedeu."
18.     E depois de outras coisas ainda escreve o seguinte acerca do que lhe sucedeu: "Germano se gaba de muitas confissões[9]! Ao menos pode dizer que é muito o que houve contra ele, tanto quanto pode enumerar de nós: sen­tenças, confiscos, proscrições, despojo dos bens, destituição de dignidades, indiferença pela glória mundana, desprezo de elogios de governantes e senadores, inclusive dos contrários, e suportar ameaças, gritarias hostis, perigos, perseguições, vida errante, angústias e toda classe de tribulações, as mesmas que me sucederam sob Décio e Sabino e mesmo agora sob Emiliano.
19. Mas, de onde apareceu Germano? Que documento há sobre ele? Pois bem, estou cansado desta grande loucura em que vou caindo[10] por culpa de Germano; e pelo mesmo motivo desisto também de dar explicações deta­lhadas dos acontecimentos aos irmãos que já os conhecem."
20. E o mesmo Dionísio, na carta a Domécio e a Dídimo, volta a mencionar os eventos da perseguição nestes termos:
"Mas é supérfluo fazer-vos uma lista nominal dos nossos, que são muitos e não os conheceis; sabei contudo que homens e mulheres, jovens e velhos, donzelas e anciãos, soldados e civis, e todo sexo e toda idade, vencedores na luta, uns por açoites e fogo e outros pelo ferro, todos receberam suas coroas.
21. Para outros, porém, não correu ainda um tempo longo o bastante para parecer aceitável ao Senhor. Tampouco a mim até o presente, pelo que se vê, pelo que me reservou para o momento oportuno que bem conhece o mesmo que diz: Em tempo aceitável te ouvi e no dia da salvação te
socorri[11].
22. Como perguntais por nossa situação e quereis que vos informe de como vamos indo, seguramente já ouvistes como nos conduziam prisioneiros um Centurião e oficiais com os soldados e criados que iam com eles, a mim e a Caio, Fausto, Pedro e Paulo, e apresentando-se algumas pessoas de Mareota, nos arrebataram, apesar de nós mesmos, arrastando-nos à força ao nos
negarmos a segui-los[12].
23.  E agora eu, Caio e Pedro, os três somente, nos achamos encerrados num local deserto e árido da Líbia, órfãos dos demais irmãos, afastados três dias de caminhada de Paretonio.
24.  E pouco mais abaixo segue dizendo:
"Ainda assim, na cidade[13] acham-se escondidos e visitam em segredo os irmãos, de um lado os presbíteros Máximo, Dióscoro, Demétrio e Lúcio -já que os mais conhecidos no mundo, Faustino e Aquilas, andam errantes pelo Egito -, e de outro os diáconos que sobreviveram aos que morreram na ilha[14]: Fausto, Eusébio e Queremon. Eusébio é aquele a quem Deus forta­leceu e preparou desde o princípio para cumprir ardorosamente o serviço aos confessores encarcerados e levar a cabo, não sem perigo, o enterro dos corpos dos perfeitos e santos mártires.
25.  De fato, até o presente o governador não deixa de dar morte cruel, como disse antes, a alguns dos que são conduzidos a ele, de dilacerar outros em torturas e de consumir em cárceres e prisões o restante, ordenando que ninguém deles se aproxime, e perguntando se alguém aparece. E mesmo assim Deus não cessa de aliviar os oprimidos, graças ao ânimo e perseverança dos irmãos."
26.  Isto narra Dionísio. Mas há que se saber que Eusébio, a quem ele chamou diácono, pouco depois foi instituído bispo de Laodicéia da Síria. Quanto a Máximo, que então disse que era presbítero, sucedeu ao próprio Dionísio no ministério dos irmãos em Alexandria, enquanto que Fausto, que naque­le momento se distinguiu junto com ele por sua confissão, sobreviveu até a perseguição de nossos dias, e já muito ancião e pleno de dias, consu­mou seu martírio em nosso tempo[15], decapitado. Isto sucedeu a Dionísio naquele tempo.

XII - Dos que morreram mártires em Cesaréia da Palestina
1. Na mencionada perseguição de Valeriano, três foram os que sobressaíram em Cesaréia da Palestina por sua confissão de Cristo, e lançados como pasto às feras, adornaram-se com o divino martírio. Um deles chamava-se Prisco, o outro Malco e o terceiro Alexandre. Diz-se que estes viviam no campo e que primeiro acusaram a si mesmos de negligência e covardia por mostrarem-se indiferentes aos prêmios que a ocasião repartia aos que ardiam de celestial desejo e por não arrebatarem antecipadamente a coroa do martírio; e que depois de haverem assim deliberado, encaminharam-se a Cesaréia, apresentaram-se ao juiz e conseguiram para suas vidas o final que acabamos de dizer. Também contam que além destes, durante a mesma per­seguição e na mesma cidade, uma mulher sustentou o mesmo combate; mas uma tradição afirma que esta era da heresia de Márcion.

XIII - Da paz em tempos de Galieno
1. Mas não muito depois, enquanto Valeriano sofria sua escravidão entre os bárbaros, começou a reinar sozinho seu filho, e governou com a maior sensatez. Imediatamente pôs fim por meio de editos à perseguição contra nós, e ordenou por uma resolução[16] aos que presidiam a palavra que livre­mente exercessem suas funções costumeiras. A resolução rezava assim: "O imperador César Publio Licinio Galieno Pio Félix Augusto, a Dionísio, Pina, Demétrio e aos demais bispos: Ordenei que o benefício de meu dom se estenda por todo o mundo, com o fim de que se evacuem os lugares sagrados e por isso também possais desfrutar da regra contida em minha resolução, de maneira que ninguém possa molestar-vos. E aquilo que possais recuperar, na medida do possível, já faz tempo que o concedi. Para tanto, Aurélio Cirínio, que está à frente dos assuntos supremos, manterá cuidadosa­mente a regra dada por mim[17]."
Fique inserida aqui, para maior claridade, esta resolução, traduzida do latim. Conserva-se também, do mesmo imperador, outra disposição que dirigiu a outros bispos e na qual permite a recuperação dos lugares chamados cemitérios.

XIV - Os bispos que floresceram naquele tempo
1. Neste tempo Sixto seguia ainda regendo a igreja de Roma; Demetriano a de Antioquia, em sucessão a Fábio; e Firmiliano a de Cesaréia da Capadócia; além destes, regiam as igrejas do Ponto Gregório e seu irmão Atenodoro, discípulos de Orígenes. Quanto a Cesaréia da Palestina, tendo morrido Teoctisto, recebe o episcopado em sucessão Domno, mas tendo este sobrevivido pouco tempo, foi instituído sucessor Teotecno, nosso contempo­râneo, que também é da escola de Orígenes. Mas também em Jerusalém, morto Mazabanes, recebe em sucessão o trono Himeneo, o mesmo que brilhou muitos anos em nossa época.

XV - De como em Cesaréia morreu mártir Marino
1.            Por estes anos, apesar de que em todas as partes as igrejas tinham paz, em Cesaréia da Palestina foi decapitado por ter dado testemunho de Cristo um tal Marino, que pertencia aos altos cargos do exército e se distinguia por sua linhagem e suas riquezas. A causa foi a seguinte:
2.            Entre os romanos há uma insígnia de honra: a vide[18], e dizem que aqueles que a alcançam convertem-se em centuriões. Havendo uma vaga liberada, o escalão designava Marino para esta promoção. Já estava a ponto de receber a honra quando se apresentou outro ante o tribunal afirmando que, segundo as antigas leis, Marino não podia tomar parte nas dignidades romanas, já que era cristão e não sacrificava aos imperadores[19], e que o cargo corres­pondia a ele.
3.            Ante isto, o juiz (que era Aqueo) sentiu-se turbado e começou a perguntar a Marino o que pensava, mas quando viu que este insistia em confessar que era cristão, concedeu-lhe o prazo de três horas para que refletisse.
4.     Achando-se fora do tribunal, acercou-se dele Teotecno, bispo do lugar, e afastou-o para conversar, e tomando-o pela mão conduziu-o à igreja; uma vez dentro, colocou-o ante o próprio santuário e, levantando-lhe um pouco o manto, mostrou sua espada, que pendia, ao mesmo tempo que apresentava e contrapunha a Escritura dos divinos Evangelhos, mandando que entre as duas coisas escolhesse a que preferia. Mas ele, sem vacilar, estendeu a direita e tomou a divina Escritura. "Mantém-te pois - disse-lhe Teotecno -, mantém-te aferrado a Deus e oxalá alcances, fortalecido por Ele, o que escolheste. Vai em paz."
5.    Saiu imediatamente dali. Um pregoeiro lançava já seu grito chamando-o de novo ante o tribunal. De fato havia-se cumprido o prazo previamente fixado. Apresentou-se então ante o juiz, e mostrando um entusiasmo ainda maior por sua fé, em seguida, tal como estava, foi conduzido ao suplício e foi executado.

O que te chamou mais atenção no texto lido?
Que parte do texto serviu para sua espiritualidade?

Ícone da Capa: Catarina de Alexandria (287-305), também conhecido como A Grande Mártir Santa Catarina é uma santa e mártir cristã que se alega ter sido uma notável intelectual no início do século IV.



[1] Tob 12:7 (livro deuterocanônico).
[2] Pro-prefeito e depois prefeito do Egito.
[3] At 5:29.
[4] Pequeno lugar não localizado, mas muito distante de Alexandria.
[5] O deportado tinha que mudar-se por seus próprios meios ao lugar da condenação; a desobediência era castigada com a morte.
[6] Esta pergunta responde à acusação de Germano.
[7] 1 Co 5:3.
[8] Cl 4:3.
[9] Quer dizer, confissões de fé ante as autoridades.
[10] 2 Co 11:17.
[11] Is 49:8; 2 Co 6:2.
[12] Vide VI:XL:5-9.
[13] Alexandria.
[14] Não é possível saber de que ilha pode ser esta. É possível que em vez de nésos (ilha) Eusébio tenha escrito nósos (doença), neste caso poderia tratar-se da grande peste de 252.
[15] Na perseguição de Diocleciano.
[16] Galieno havia promulgado um edito geral, a resolução guardada por Eusébio apenas aplica ao Egito as disposições daquele.
[17] Não é o reconhecimento do cristianismo como "religio licita", mas reconhece o direito das igrejas locais de possuírem bens próprios.
[18] Era o bastão de mando do Centurião, chamado vitis; por metonímia o próprio grau de centurião recebeu este nome.
[19] O edito de Galieno não reconhecia o cristianismo como "religio licita", podendo portanto ocorrer casos como o de Marino.